sábado, 4 de agosto de 2007

Audiência e Qualidade

“No fundo, o mundo é feito para acabar num belo livro”, Stepahane Mallarmé. Talvez o poeta francês tenha se enganado. Porque em um livro? E belo? Acredito que não será assim por dois motivos bem simples: primeiro, as pessoas não possuem tempo para ler, leitura é (para uma boa faixa da população) ação do passado; segundo, a televisão não deixaria que impressos roubassem à cena. Quem sabe uma série televisava fosse mais apropriada...
Entretanto, não é correto dizer que essa “profecia” foi precipitada. Afinal, no século XIX, a cultura da humanidade era propagada através de impressos. Uma forma culta de eternizar a história. Hoje, temos uma diversidade enorme de veículos de comunicação. Além dos livros e jornais, temos: rádio, televisão e internet.
Nosso século é marcado por uma grande bagunça informativa. O objetivo principal não é eternizar a história, mas sim “espetacularizar”. Viva a cultura do espetáculo (aplausos, aplausos)! Ah, e claro sem esquecer de optar pela melhor forma, aquela que possibilite melhor audiência.
Diariamente, temos as telenovelas. Geralmente iguais. Dispõe de um mesmo esqueleto, do qual é alterada apenas a roupa. Nos finais de semana, o foco é os programas de auditórios. Cômicos, sim! Trágicos, também. Pouco se inova. Ao invés de novidade há o regresso da era machista, em que bunda é o que de melhor as mulheres possuem...
Não pensem que sou contra a TV. Claro que não, pelo menos não totalmente. O veículo possui um potencial inquestionável. Sou contra a batalha de audiência - que ao invés de melhorar a qualidade, prejudica. Sou contra a falta de discussão. Contra opinião mastigada.
A literatura também está presente na TV. Os clássicos aparecem raramente em uma série e outra. O (bom) humor idem. E ambos exibidos em altas horas. Será que há alguma explicação para isso? Talvez. Quem sabe esse tipo de programa seja julgado impróprio para menores de idade...
Mesmo que o livro volte a ser uma boa pedida... mesmo assim, há poucas chances “do mundo acabar em um belo livro”, uma vez que o (“pobre” do) escritor teria uma penosa tarefa. Como achar beleza em um lugar que cada vez mais coleciona “coisas feias”... é mais provável que a (pouca) beleza passe despercebida.

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