terça-feira, 20 de novembro de 2007

“Cruze as pernas mocinha, você é mulher”!

A cultura machista ainda reside em nossas vidas. Vindo da casa das nossas mães e da casa das mães delas. Talvez seja a tradição mais antiga presente no cotidiano feminino. Mas para você que acha que isso tudo é bobagem, que essa história de submissão da mulher não existe, que é papo de feminista e que nós mulheres já conquistamos o nosso espaço, POR FAVOR ACORDE! Uma prova desta realidade é a China. Um país onde o controle da natalidade é rigoroso. Cada casal deve ter apenas um filho. E o que acontece? A maioria deles optam em ter meninos, por que eles carregarão o nome da família. Com isso, o índice de aborto e abandono de meninas é alto.
Outro caso que demonstra essa "supremacia" masculina, recentemente exposto na mídia, ocorre na Albânia. Lá a sociedade ainda segue normas que eram empregadas na Idade Média (o Kanun, código de honra medieval, da ética cristã). Existem mulheres que renegaram o direito de serem mulheres. Após um juramento tornam-se "virgens juradas". Com isso, adquirem o direito de serem livres, ou seja, de serem homens.
É fato que em uma sociedade desigual é mais fácil ser homem. Mas é um fato cruel. Uma diferença que as vezes vem estampada logo de cara e outras vezes escondida atrás de um pretexto qualquer. Como é o caso da submissão feminina ao homem vista nas religiões.
É comum em países como a África a prática da Clitoridectomia – mutilação e, nos casos mais brutos, retirada total do clitóris. O ritual não tem nenhum tipo de anestesia. São usados objetos como: faca, tesoura, gilete ou mesmo caco de vidro. Essa violência é cometida para controlar a sexualidade da mulher, para que ela não sinta prazer no ato sexual.
Portanto, a grande protagonista da guerra dos sexos não é a bunda (afinal isso todos têm!), mas sim o órgão feminino. É ali que esta a verdadeira diferença sexual. "A vagina insaciável" citada no livro "O mito da beleza", de Naomi Wolf. Ela (a vagina) intriga os homens.
A mulher também é martirizada na questão estética. Nesse aspecto a grande vilã é a mídia. Como um dos alicerces da sociedade, a mídia é responsável por impor padrões e por ditas as regras do jogo. Por meio dela surgiu um padrão, chamado: mulher ideal. E é através dela que este padrão é propagado especialmente em programas de auditório, no qual o corpo feminino é utilizado para ganhar audiência. Danças ginecológicas movidas a músicas apelativas.
Houve um tempo em que a mulher era atraente com as suas "gordurinhas", depois chegou a hora de propagar que bonito mesmo é ser magra. Então as mulheres tornaram-se magras, ou melhor, retas. Sem bunda, sem peito e sem graça. O tempo passou e novos padrões de beleza foram projetados. Agora estamos em uma nova era a do silicone, das próteses e dos enxertos. Agora vale tudo para ter uma boa comissão de frente!
Atualmente, encontrar uma mulher natural é tão difícil como encontrar um homem que não queira uma mulher no padrão: peito grande, bunda dura, cabelos longos e sempre um sorriso estampado na cara. É, não basta ser gostosa, tem que ter bom humor também. Como se fosse possível sobreviver a todas essas batalhas e ainda manter o humor, bom é claro.
Ainda nessa constate busca pela beleza tem-se um capítulo especial, chamado "chapinha". A mulher deixou de passar roupa para passar os cabelos. Seria isso uma evolução? A verdade é que quanto mais perfeita for mais será desejada. E todas nós queremos ser desejadas. Somos retrato de uma cultura que valoriza (de forma errada) o corpo. Brinca de provocar mudanças! Segundo Heloneida Studart, em seu livro "Mulher – Objeto de cama e mesa", "a mulher é o único ser racional que precisa abonar suas teorias com um rosto bonito ou um belo par de pernas".
É preciso reformar alguns conceitos e acabar com algumas velhas tradições. Se a cultura machista ainda se encontra-se ai, em sua casa, mexa-se! Mande logo uma ordem de despejo e seja você.

Um comentário:

Dani disse...

Adorei...Simplesmente perfeito esse texto!
Uma pena mesmo que as mulheres estejam tão enrraizadas por esses conceitos niandertais de se sujeitar ao que diz o ser supremo o homem.

Beijoka minha linda.
Saudades de ti